quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Four more years

Obama ligou pessoalmente para eleitores.

Nesta terça-feira (6) aconteceram as eleições presidenciais nos Estados Unidos e, por uma vantagem de 97 delegados, o presidente democrata Barack Obama foi reeleito para mais quatro anos de mandato. Nos estados indecisos, apesar da massiva campanha de Romney, o comandante-em-chefe levou a melhor.

Como esperado, a diferença entre Obama e Mitt Romney foi muito menor do que a do democrata sobre John McCain em 2008 (10 milhões na ocasião e pouco mais de 2,5 agora), mas ainda assim foi uma vitória contundente. O estado da Florida foi o primeiro termômetro para os resultados, haja vista que a apuração lá começou primeiro. Houve inúmeras reviravoltas mas, por uma diferença de 1 pp, deu Obama. A partir daí a coisa já ficou complicada para Romney. A maioria das pesquisas colocaram-no como favorito no estado e esta poderia ser sua grande arrancada. Em resumo, se ele vencesse na Florida nada o impediria de conquistar outros estados indecisos.

Mas aí vieram Virginia e Colorado. Outra vez o presidente levou vantagem. No primeiro Romney até começou bem, mas logo que aconteceu a apuração na região metropolitana de Washington DC, bastião democrata, a cor azul predominou. Obama bateu McCain no Colorado em 2008 e fez o mesmo com Romney em 2012. A diferença foi de 4% (51 a 47) em um estado que já foi "território" dos republicanos por muito tempo.

Em Ohio Romney apelou para seu eleitorado: homens brancos mais velhos, evangélicos e muitos jovens. Os primeiros e os últimos até acudiram às urnas, mas o número de evangélicos não foi dos melhores. O candidato republicano queria ao menos "resgatar" aqueles que votaram em Bush. Não deu certo e Obama venceu por 50% a 48%.

Não restam dúvidas de que a economia foi o "carro chefe" da corrida presidencial americana (como diziam os republicanos, "economia, estúpido!") e justamente ela culminou na reeleição de Obama. Inicialmente parece contraditório, não? Mas acalmem-se. A verdade é que 60% do eleitorado colocou a economia como "motivo número 1" nestas eleições e grande parcela deles culpou George W. Bush pelas dificuldades que Obama encontrou em 2008. Resumindo, o democrata trabalhou como pôde quando pegou a "batata-quente" nas mãos. Ademais, o eleitorado não considera o déficit como principal problema do governo Obama, portanto, ele se deu bem (a responsabilidade pelo déficit americano deve-se em grande parte às políticas do comandante-em-chefe).

Ainda dentro do fator economia, um dos grandes contribuintes para a reeleição de Obama foi Romney. Seu histórico como grande empresário o deixou com uma imagem ruim frente à população ao invés de revelá-lo um administrador capacitado para liderar o país. A imagem de milionário alheio aos verdadeiros problemas do país afastaram-no até mesmo da classe média, sobretudo nas primárias republicanas. Ele conseguiu se recuperar ao longo da campanha, mas não o suficiente para mostrar que poderia equilibrar o orçamento dos EUA melhor do que Obama. Aliás, os cortes de gastos prometidos para o Medicare e o Obamacare só afugentaram eleitores.

No quesito demografia nem Obama esperava tamanho apoio. Tudo indicava, em 2012, uma participação maior do eleitorado republicano. Inclusivea cúpula do partido estava contando com isso. Porém, o contrário aconteceu. Além de perder o eleitorado feminino que em determinada ocasião esteve a seu favor, os jovens, negros, latinos e asiáticos tiveram participação recorde e votaram em favor de Obama. 

Em números, as mulheres compõem 54% do eleitorado americano e deram a vitória ao presidente por uma diferença de 12 pontos (entre os homens Romney ganhou por 7). Se em 2008 os negros, latinos e asiáticos representaram 24% dos eleitores, em 2012 esse número cresceu para 26%, índice que claramente favoreceu Barack Obama.

Resumindo esta primeira reflexão sobre as eleições nos Estados Unidos, a população claramente percebeu que o país não anda bem das pernas, mas faltou carisma e firmeza a Mitt Romney para convencer a todos de que a culpa maior era de Obama e que ele (Romney) poderia resolver o problema.

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