quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Antes das eleições, hostilidades na Faixa de Gaza recomeçam

Funeral de Ahmed Jabari. AL-JAZEERA.

Nesta quarta-feira (14) a força aérea israelense empreendeu diversos ataques à Faixa de Gaza. Os alvos eram misseis de longo alcance do Hamas e o braço militar da organização, Ahmed Jabari. Em termos militares a operação foi bem-sucedida, haja vista que Jabari e os misseis foram abatidos, mas infelizmente vidas civis palestinas também foram ceifadas.

A nova missão do IDF prosseguiu na quinta-feira (15) e deixou um saldo de 22 mortos (sendo 19 palestinos). O próprio exército israelense confirmou que realizou 340 ataques contra alvos na Faixa de Gaza desde o início da operação Pilar de Defesa. Também nesta quinta veio a primeira resposta do Hamas: dois mísseis foram lançados em Tel-Aviv por volta das 7 horas, menos de uma hora depois de alguns terem atingido a cidade de Rishon Letzion.

No total 305 foguetes atingiram Israel e 130 foram interceptados pelo sistema de defesa. As três mortes do lado israelense aconteceram quando um foguete chegou à localidade de Kiryat Malachi. Relata-se que um bebê de 8 meses também ficou ferido. No lado palestino pelo menos duas crianças morreram só nesta quinta.

A operação Pilar de Defesa começou depois que mísseis palestinos foram disparados em direção ao sul de Israel. As hostilidades em si tiveram início quando um jipe com militares do IDF foi atacado no fim da passada semana. Aí é que as informações se desencontram porque o Times of Israel diz que o veículo estava no seu lado da fronteira, enquanto um colunista do YNet News relata o contrário. Ambos são jornais conservadores.

De qualquer forma, em resposta Israel disparou tiros de aviso (como fez com a Síria nas Colinas de Golã há poucos dias) e foi aí que o Hamas atacou de novo. Se a pressão sobre Netanyahu já era grande, ficou ainda maior.

Pronunciamento de Benjamin Netanyahu.
Perguntado sobre qual a diferença entre os mísseis que o Hamas tem hoje na Faixa de Gaza e os de meses atrás, o analista Thrall Nathan respondeu: "Desta vez não há centenas de milhares de israelenses em abrigos e seus filhos estão indo para a escola. Basicamente, todo o espectro político de Israel estava dizendo que isso era inaceitável e que algo precisava ser feito".

Faz todo o sentido. O país não poderia ficar acuado e sofrendo ataques terroristas. Ademais, é muito provável que o ministro da defesa, Ehud Barak, seja um dos grandes mentores da operação. Ele é conhecido por não ser muito favorável a um acordo de paz "qualquer" com os palestinos e não parece de seu feitio deixar barato este tipo de afronta.

Pelo menos por enquanto Benjamin Netanyahu e seu partido, o Likud, saíram fortalecidos para as eleições parlamentares de janeiro. Como já foi mencionado, a população pedia uma dura resposta e os setores políticos também, tanto que até mesmo membros da (cada vez mais enfraquecida) oposição se mostraram de acordo com a atitude do primeiro-ministro. Para ele isso é bom. Ainda mais agora que Ehud Olmert pode voltar ao cenário político do país.

O ex-premiê Olmert foi absolvido de acusações de corrupção recentemente e é a principal aposta centrista da oposição, capitaneada pelo Kadima de Shaul Mofaz, para vencer Netanyahu. Vale lembrar que, em 2008-2009, Olmert comandou a missão Lead Cost (que foi um pouco mais agressiva).

Em declaração oficial na quarta-feira, Benjamin Netanyahu disse o seguinte: "o Hamas escolheu aumentar seus ataques nos últimos dias. Nós não vamos aceitar ameaças de foguetes contra nossos cidadãos.

"Danificamos seriamente a capacidade do Hamas de lançar mísseis de longo alcance para o centro de Israel. Eles atacam nossos cidadãos de propósito, enquanto se escondem atrás de civis. Nós fazemos de tudo para não prejudicar estes civis".

Segundo Al-Jazeera, uma criança palestina de 2 anos morreu.
No entanto, Netanyahu também está ciente dos riscos que corre com esta operação. Analisando friamente, hoje a eleição está ganha, mas se a resposta do Hamas for mais dura do que o esperado, fatalmente obrigará o IDF  a fazer uma incursão terrestre mais prolongada, o que poderia provocar um maior número de baixas. 

Outro que tem papel-chave no conflito é o Egito. Segundo Caio Blinder, "uma opção para Mohamed Morsi é fazer vista grossa se militantes do Hamas lançarem ataques contra Israel a partir da península do Sinai. Mas se as coisas degringolarem, numa opção extrema, Morsi poderá até questionar o tratado de paz do Egito com Israel (aqui os militares terão voz). E este tratado é essencial para Israel".

Em suma, Israel precisava mesmo se defender e o fez. Atacou cirurgicamente as opções que o Hamas tinha de ameaçar o país e o deixou sem um de seus cérebros militares. De momento, é difícil acreditar que a organização terrorista tenha capacidade para, militarmente, responder a altura. Mas ainda é muito cedo para prever o desenrolar do conflito.

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