sexta-feira, 9 de novembro de 2012

GOP já fala em reforma

The Elephant.

Há três dias Barack Obama foi reeleito presidente dos Estados Unidos e, por incrível que pareça, o assunto que está em voga é o Partido Republicano. A derrota de Romney foi um verdadeiro balde de águia fria nos planos do GOP, servindo para que muitos dirigentes acordassem e finalmente começassem a exigir reformas.

Apesar da pequena diferença (pouco mais de 2,5 milhões), ficou claro que Obama teve o voto popular e Romney não fugiu de sua tradicional base de apoio. Aliás, até perdeu parte dela em virtude de suas mudanças de postura e do próprio Partido Republicano. A perda mais sentida foi a do eleitorado latino, que apoiou em peso o candidato Democrata.

A rigor, Romney conquistou apenas 29% dos votos latinos. E para isso há inúmeras explicações. Uma delas é sobre a rigorosa opinião a respeito da deportação imediata de imigrantes ilegais que ele mencionou nas primárias. Estes eleitores podiam até estar irritados com as deportações de Obama (lembrando a lei do Arizona), mas neste caso acharam "menos pior" apoiarem o Democrata outra vez.

Para muitos especialistas conservadores a escolha de Paul Ryan não foi um total equívoco, mas havia nomes melhores. Dentre estes "nomes melhores" os mais fortes era Susana Martínez, governadora do New Mexico; e Marco Rubio, senador da Florida. Dizem por lá que a imprensa -principalmente William Kristol- influenciou na escolha de Ryan.

Mas não foram apenas os latinos que não se empolgaram com Romney. As mulheres, os asiáticos, os afro-americanos e os jovens também estiveram do lado de Obama. Seguramente muitos estarão pensando que isso é algo obvio. E realmente é. Os Democratas sempre contaram com os votos das minoras. O anormal é que, nas duas últimas eleições, o apoio republicano entre eles tem sido muito menor. Nas palavras de Caio Blinder, "numa aritmética grosseira, para vencer, os Democratas precisam de 80% do voto das minorias e 40% dos brancos". Um número assustador.

E isso nos leva a questão de por que o GOP tem perdido tantos eleitores nos últimos anos, inclusive em bastiões fieis, como o Colorado onde Obama já ganhou duas vezes. O que vejo com bastante clareza a este respeito é a forte influência do Tea Party, movimento radical que ganhou força logo após a vitória de Obama sobre John McCain.

Os ultraconservadores, basicamente, tentaram resgatar alguns valores, criticar os excessivos gastos do governo e até mesmo apelar para um certo populismo. Mas o grande problema é o radicalismo de sua metodologia. Como mencionado no artigo anterior, a pressão exercida pelo Tea Party foi fundamental para que Romney pendesse para a direita e até mesmo pela força de Ricky Santorum.

Em um impactante artigo na FOX, intitulado "O que Reagan faria após a vitória de Obama?", o colunista Martin Sieff criticou com extremo rigor a campanha eleitoral republicana e até mesmo o Tea Party, chamando de hipócritas aqueles que com as palavras idolatraram Ronald Reagan mas com as ações fizeram o oposto.

Para Sieff, "Ronald Reagan era um conservador social e um dos maiores porta-vozes dos autênticos valores morais da história da política americana. Mas ele nunca foi fanático ou tolo. Ele nunca se indignou com mulheres ou qualquer outro grupo, expressando ridículos, ofensivos ou simples sentimentos absurdos. Uma tolerância má julgada por estes palhaços custaram nada menos do que as eleições para o Partido Republicano".

O consolo é que este insucesso está fazendo o movimento conservador pensar um pouco mais e a tendência é que o Tea Party por fim perca força. Ainda neste artigo Sieff mencionou que Reagan sempre se mostrou próximo dos jovens concedendo, inclusive, oportunidades a muitos deles em seu governo, estando sempre aberto a sugestões. O mesmo aconteceu com George W. Bush, mas não com McCain e Mitt Romney.

O que nos faz pensar que as coisas mudarão para as próximas eleições -não apenas presidenciais- é a quantidade de bons -e sobretudo jovens- valores no Partido Republicano. Mais até do que no Democrata. Além do já citado Marco Rubio, Jeb Bush, Ted Cruz (esse sim do Tea Party), Rand Paul e o candidato a vice Paul Ryan se mostram como nomes potentes e inovadores. No Partido Democrata, ao menos para as eleições presidenciais, o nome de Hillary Clinton é o mais cotado.


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