segunda-feira, 30 de julho de 2012

Al-Qaeda tem influência cada vez maior sobre o ESL

Após ler um artigo bastante detalhado no Guardian sobre a influência da Al-Qaeda no Exército Sírio Livre e aproveitando a boa repercussão do primeiro vídeo, resolvi gravar outro falando sobre o assunto e alertando acerca do perigo desta "mão amiga" oferecida pelo grupo terrorista aos rebeldes opositores sírios.



terça-feira, 24 de julho de 2012

O excessivo pragmatismo da campanha de Romney

Acorda, Romney!

As eleições presidenciais estadunidenses estão se aproximando e as pesquisas indicam um equilíbrio cada vez maior entre Barack Obama e Mitt Romney. O atual presidente, ainda que não agrade a gregos e troianos, é o favorito para um novo mandato. Muito deste favoritismo está "nas costas" de Romney, que baseia sua campanha no discurso econômico e deixa a desejar em muitos aspectos.

Quando a corrida presidencial começou, Obama deparou-se logo de cara com uma vantagem: o equilíbrio nas primárias republicanas. Diferentemente do esperado Romney não ganhou o apoio maciço dos republicanos e viu o católico ultraconservador Ricky Santorum se aproximar perigosamente. Santorum era o "queridinho" da ala mais conservadora do partido, representada pelo movimento Tea Party. Ele não teve forças para desbancar Romney, mas a campanha foi desgastante e mostrou que o partido Republicano estava rachado.

Assim que a campanha começou "para valer", o ex-governador de Massachusetts baseou praticamente todos os seus discursos em um único tema: economia. Todos sabem que por razões internas e externas (a crise financeira) o governo Obama vai mal das pernas (apesar do recente crescimento) e este é o ponto débil que Romney insiste em tocar. Como empresário experiente, ele sabe que aí pode fazer a diferença.

No entanto, este não é o único ponto. Muitos analistas republicanos defendem que a falta de confiança que a população tem para com ele é justamente por isso. Ele bate centenas de vezes na mesma tecla e não é agressivo, isso torna as coisas ainda mais complicadas para seu lado. É como se seu discurso fosse vago demais para bater um adversário que é, como escreveu Caio Blinder, "bom de campanha".

Um dos artigos que mais mostraram esta frustração da própria direita com Romney foi o de William Kristol, editor da Weekly Standard, ele disse que se Romney continuar por este viés acabará repetindo as derrotadas campanhas de Michael Dukakis (1988) e John Kerry (2004).

Ainda nas palavras de Kristol os eleitores não querem "ouvir falar sobre economia, eles querem saber o que o candidato pensa fazer para melhorar a situação econômica do país". Além disso, o índice de desemprego do governo Obama é de 8% e o candidato republicano pouco se aproveitou deste número. Tudo bem que o presidente democrata pegou uma verdadeira "bucha" das mãos de Bush, mas ninguém quer saber disso, Romney menos ainda. As pessoas querem resultados.

Outra publicação da Weekly Standard que chamou muito a atenção foi a de Jeff Bergner e Lisa Spiller. Eles listaram três regras básicas que precisam ser seguidas por Romney se ele realmente quiser vencer Obama nas eleições. Estas regras são as seguintes:

1) Defina a sua grande ideia: para eles, o republicano precisa deixar evidente qual será seu modus operandi quando estiver no governo. A população deve saber o que ele irá fazer. Nas palavras de Bergner e Spiller, "o mais próximo que Romney chegou de definir a si mesmo é que ele não é Obama";

2) Venda seus benefícios, não suas características: segundo os redatores, o eleitorado está cansado de ouvir a biografia do candidato. Ninguém mais quer saber que ele é um rico empresário. As pessoas estão curiosas a respeito de como esta experiência irá ajudá-lo no governo;

3) Vai para cima dele: ser moderado não vai adiantar de nada. A abordagem de Romney precisa ser mais ousada e agressiva, visando conquistar os eleitores indecisos e mostrando a eles que seu governo pode colocar o país no eixos.

Além de tudo, como sabemos, nos Estados Unidos as questões externas têm grande peso dentro do país e podem mudar o rumo das eleições. Obama tem grandes problemas nas mãos: Síria, programa nuclear iraniano e Israel. O melhor para ele é que tudo se resolva de uma forma tranquila ou fique pelo menos num impasse até que os americanos decidam nas urnas quem será o presidente .

Acabou que os constantes vetos de Rússia e China contra sanções e qualquer intervenção militar na Síria no Conselho de Segurança da ONU foram bastante úteis ao democrata. Não se deixem levar pelas aparências, se os EUA realmente quisesse, já teria mandado tropas para o país com ou sem o aval do Conselho. Afinal, esta não seria a primeira vez.

De qualquer forma, muita coisa ainda vai rolar até as eleições presidenciais, mas Romney precisa ter em mente que ficar de braços cruzados não vai fazê-lo vencer. Ele precisa mudar a sua postura o quanto antes se realmente quiser chegar à Casa Branca.



quarta-feira, 18 de julho de 2012

Atentado contra cúpula de Assad deve provocar dura resposta

Como se noticiou hoje o governo de Bashar Al-Assad sofreu um duríssimo golpe, perdeu dois de seus principais articuladores: o general Daoud Rahja, ministro da defesa, e Asef Shawkat, vice-ministro e cunhado do presidente sírio.

Eu não poderia me calar diante de tal acontecimento. Entretanto, meu resfriado me impediu de escrever e em decorrência disso resolvi gravar um vídeo. Estava "amadurecendo" a ideia há algum tempo e finalmente coloquei em prática. Espero fazê-lo mais vezes.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um novo Iêmen?


Foi esta a pergunta que Robert Grenier, ex-diretor da CIA, se fez a respeito de como terminará a situação de Mali se não houver uma intervenção militar externa (sobretudo dos EUA). Para quem não sabe, o norte do país está agora sob o comando de grupos terroristas e separatistas que venceram com muita facilidade as tropas do governo.

Há muito tempo os tuaregues estão revoltados com o governo de Mali e não seria uma grande surpresa qualquer revolta por parte deles. A "bomba" explodiu em janeiro deste ano, quando o Movimento Nacional pela Libertação de Azawad* (MNLA) levantou armas e contou com o apoio da organização terrorista Ansar Al-Dine (Defensores da fé) para tomar de assalto as cidades de Tombuctú e Goa. O exército malinês, fraco e mal armado, não pôde fazer nada e recuou ajudando os desabrigados que rumaram  em direção ao sul do país.

Neste ponto uma coisa precisa ficar muito clara: o MNLA jamais teria força e armas para conquistar estas duas importantes -porém não tão populosas- cidades. Portanto, o apoio do grupo terrorista foi fundamental. Ademais, o Ansar Al-Dine é um braço da cada vez mais forte Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), que pode não ter oferecido homens, mas deixou os insurgentes com um armamento muito superior ao do exército.

As reviravoltas não param por aí. Assim que o exército recuou e realmente não houve o que fazer, aconteceu uma disputa pelo poder entre as partes e, ao que parece, os salafistas ficaram no comando. Eles destruíram todas construções que não estavam de acordo com a sharía -incluindo a famosa mesquita Sidi Yahia-; obrigaram as mulheres a usarem véu; e, ao verem jovens de mãos dadas, forçaram o casamento entre eles.

Muitos devem estar se perguntado o que o governo fez. Este é um interessante questionamento. Os militares imploraram ao presidente Amadou Toumani Touré para armá-los melhor, mas o mandatário não deu tanta atenção ao clamores. Isso culminou em um golpe militar que teve um objetivo principal: chamar a atenção do mundo para o que estava acontecendo em Mali.

Não há como dizer que isso deu certo, porque a repercussão nem se aproximou daquilo que eles esperavam. Assim que tomou conhecimento do golpe, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) fez um pronunciamento ameaçando com duras sanções o país caso os militares não devolvessem o poder ao presidente ou organizassem novas eleições o mais rápido possível.

Amadou Konaré, tenente porta-voz dos soldados, tentou argumentar e pediu ajuda internacional (mencionou até mesmo uma intervenção militar) mas recebeu um sonoro não da CEDEAO, dos EUA e da (odiada) França, que há algum tempo foi palco de uma visita dos rebeldes separatistas de Azawad.

Enquanto ninguém decide ajudar Mali, fechando os olhos e fingindo que nada acontece, a situação só piora e o Ansar Al-Dine ganha cada vez mais força. Segundo o já citado Grenier, esperar para ver onde as coisas poderão acabar é a pior alternativa.

Pensando pelo lado dos EUA, é muito improvável que uma interferência direta aconteça por inúmeros motivos. Vamos citá-los: (1) a campanha de combate ao terrorismo de Obama atualmente é baseada nos drones e não mais sacrifica a vida de militares; (2) é ano eleitoral e outro conflito não seria tolerado pela maioria dos eleitores (principalmente democratas); (3) e, por fim, Irã e Síria são -com toda a razão- as grandes prioridades estadunidenses.

domingo, 8 de julho de 2012

Eleições na Líbia, motivo de grande comemoração

Comemoração pela liberdade. BBC.

Neste sábado (07) após a realização das eleições parlamentares na Líbia, a população da capital Trípoli se reuniu na Praça dos Mártires com bandeiras e buzinando muito. Não estavam defendendo seus respectivos partidos políticos ou candidatos, mas sim o fato de poderem votar livremente depois de 60 anos.

Após a queda do general Muamar Kadafi se instaurou no país o Conselho Nacional de Transição (CNT), visando manter a ordem até realização das eleições. O problema é que a ideia de ordem foi muito vaga, já que diferentes milícias armadas se fizeram presentes no país. Isso não foi surpresa nenhuma, haja vista que não havia poder centralizado e o exército praticamente deixou de existir.

Sem o exército, os índices de criminalidade aumentaram muito e, com isso, aqueles que possuíam armas de fogo e faziam parte das forças militares nacionais, se reuniram em suas cidades. Os mais poderosos ficaram no controle e organizavam patrulhas. Caótico, não? Mas foi nesta situação que a Líbia ficou pouco depois da queda de Kadafi. Os crimes que seguramente aconteceram neste meio-tempo são incontáveis.

Mas, felizmente, as eleições chegaram. O povo elegeu o Parlamento, que por sua vez irá anunciar o premiê do país. O favorito é o já conhecido Mahmoud Djibril, ex-ministro das finanças de Kadafi e que foi, para muitos, o "mentor" dos revoltosos. Ele se colocou à frente do CNT e tratou de organizar as eleições. Figura conhecida e adorada no país.

Seu partido é o liberal Aliança Nacional das Forças, que luta vis-a-vis com o Justiça e Construção -representação partidária da fortíssima Irmandade Muçulmana. Diferentemente do que aconteceu -e acontece- no Egito, a Irmandade líbia não falou em sharía ou fundamentalismo islâmico. Isso é ótimo. Os mais liberais têm esperanças de que a coalizão entre os dois partidos seja bastante frutuosa. Pelo momento que a Líbia vive, é a melhor opção possível. Uma briga partidária agora só deixaria a situação ainda mais complicada.

A verdade é que as pessoas mal sabiam em quem votar. Foram cerca de 2.600 candidatos e 400 partidos, sendo que o número de cadeiras é 200. Tarik Kafala, correspondente da BBC, entrevistou um taxista que lhe disse o seguinte: "não sei em quem votar, mas provavelmente escolherei um candidato ligado ao partido de Djibril". Mas as pessoas estavam tão empolgadas que nem este número exorbitante de candidatos as assustou.

Ademais, há a divisão de cadeiras no Parlamento por regiões do país. Oeste terá 100 lugares; sul 40; e o leste, localidade conhecida pelas grandes reservas de petróleo, contará com 60 cadeiras. Inicialmente, segundo o CNT, os parlamentares iriam escolher 60 membros que elaborariam uma nova Constituição para o país. Entretanto, tal medida gerou uma série de protestos até que fosse acordada uma eleição também com este intuito.

O que se espera agora é que a Líbia comece a entrar nos eixos. Logicamente o período de turbulência ainda está longe de passar, mas se há algo que pode contribuir para a economia nacional, e consequentemente para a qualidade de vida no país, são as reservas de petróleo (maiores da África) e os mais de 155 bilhões de dólares guardados nos bancos.