sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ninguém sabia de nada

Steven Miller e Douglas Shulman.

Há poucos dias estourou nos Estados Unidos outro escândalo envolvendo a administração Obama. Depois da negligência na Líbia e dos grampos a jornalistas da AP, o Internal Revenue Sistem (IRS), serviço de receita do Governo Federal, é a bola da vez. O IRS é acusado de submeter, desde 2010, grupos conservadores que solicitavam o benefício da isenção fiscal a intenso escrutínio, o que resultava, muitas vezes, na não legalização dos grupos.

Para quem não está acompanhando o caso, vamos por partes. Nos Estados Unidos determinadas organizações de pequeno porte podem pedir isenção fiscal caso comprovem que suas atividades estejam ligadas ao "social welfare" -- status 501 (c) (4)--, com lucro líquido dedicado exclusivamente a fins beneficentes, educacionais ou recreativos. Tais organizações podem assumir posições também em questões polêmicas que envolvam mudança na legislação ou mesmo tomar parte de algum lado político. Este último quesito, inclusive, deve ser levado em consideração na análise do IRS Scandal.

Em resumo, se uma organização é Democrata ou Republicana mas tem como seu principal escopo o "social welfare", ela pode se isentar fiscalmente passando pelo escrutínio do IRS. Mas aí é que começa a polêmica. Desde 2010 grupos conservadores vêm passando por uma exagerada e intensa sabatina -- alguns precisam revelar os nomes de familiares, locais das reuniões, temas das reuniões, etc -- que só servia, no final das contas, para negar-lhes autorização (ou nem mesmo conceder qualquer resposta). Basicamente aqueles em que constavam os termos "Tea Party" e "Patriot" foram os que mais sofreram nas mãos do IRS. Houve também relatos de perseguição a grupos pró-vida, judeus e até uma professora católica crítica do presidente Obama.

A posição inicial do "senhor e salvador" Barack Obama foi que ele ficou sabendo do ocorrido pelo noticiário. Em seu mais recente comunicado o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que o conselho da presidência soube apenas no final de abril acerca de "um relatório prévio" do caso. Carney disse que a assessora jurídica Kathryn Ruemmler teve conhecimento da auditoria no dia 24 de abril, passando a informação a Denis McDonough, chefe da equipe de Obama, que por sua vez não informou ao presidente. Nas palavras do porta-voz da Casa Branca, "este não é o tipo de coisa que exige notificação ao presidente".

O interessante disso tudo é que aprendemos que americanos morrendo em território estrangeiro sob ataque terrorista e perseguição a grupos de oposição não são o tipo de coisa para se notificar ao "presidente" dos Estados Unidos. Aliás, ele não se manifestou também sobre o caso do criminoso abortista Kermit Gosnell. Quanta inocência a deste chefe do Executivo, não?

Acreditem, meus caros, a história não para por aí. Nesta terça-feira (21), a Comissão de Finanças do Senado --que abriu uma investigação bipartidária do IRS Scandal-- ouviu Douglas Shulman, Steven Miller, ex e atual comissários do IRS, respectivamente, e J. Russell George, inspetor-geral do Departamento do Tesouro para a administração fiscal. O Senador Orrin Hatch, R-Utah, que chefia a Comissão ao lado de Max Baucus, D-Mont., não mediu palavras desde o início acusando Miller de omitir os fatos. Ele, por sua vez, disse que não mentiu.

Também visivelmente irritado estava o Senador Max Baucus. Ele perguntou a Shulman por que ninguém foi demitido já em 2011, quando a sede do IRS em Washington teve conhecimento da segmentação de grupos do Tea Party. O ex-comissário disse que "em junho de 2011, eu acredito que não estava ciente disso". Ainda mais indignado, o Senador de Montana replicou: "Você foi o comissário. Se você não sabe, parece que alguém não fez o seu trabalho direito".

Basicamente durante toda a audiência Miller e Shulman alegaram amplo desconhecimento do caso, vindo a saber das investigações apenas na primavera de 2012. Justo quando, segundo eles, tomaram conhecimento de que funcionários do IRS estavam usando palavras-chave como "Tea Party" para determinar quais grupos deveriam passar por uma "sabatina extra".

Quarta-feira (22) foi o dia de tentarem ouvir Lois Lerner, que lidera o escritório do IRS e foi a primeira a divulgar que os grupos com "Tea Party" e Patriot" eram alvos do serviço, mas ela se manteve em silêncio. A única coisa que fez foi dar uma curta declaração: "Eu não fiz nada de errado, eu não violei qualquer lei ou regra do IRS e não forneci informações falsas para esta ou qualquer outra comissão do Congresso".

Falando sobre o assunto Wayne Allyn Root, que também foi vítima do IRS, fez um questionamento: "será mesmo que o IRS que perseguiu grupos conservadores, do Tea Party, doadores do Partido Republicano, judaicos, cristãos, pró-vida e críticos sinceros do presidente (como eu), agora usará o Obamacare para nos negar assistência médica?" O Obamacare, para quem não sabe, também está nas mãos do IRS.

Post publicado em minha coluna no site da Reaçonaria

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