sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Biden tropeçou nas próprias pernas, mas tudo ficou na mesma

Esta ainda foi uma risada mais contida. POLITICO.

Depois da grande vitória de Mitt Romney no primeiro debate presidencial, a importância da altercação entre Joe Biden e Paul Ryan foi ainda maior. A missão de Biden era acalmar as coisas, visto que o presidente Barack Obama foi assustadoramente apático frente ao candidato republicano e pela primeira vez se colocou atrás nas pesquisas (em praticamente todas).

Política externa, economia e segurança estiveram em voga, mas o que chamou de verdade a atenção no debate foram as reações de Biden. O vice-presidente democrata -que é 27 anos mais velho que Ryan- sorriu ironicamente o tempo todo e fez sinal de negação com a cabeça. Isso quando não interrompeu Ryan durante suas perguntas (segundo a FOX foram 82 interrupções).

Sua postura extremamente ofensiva já era esperada e uma retórica mais afiada que a de Ryan também não seria surpresa. O problema é que suas reações o prejudicaram muito. Alguns jornalistas conservadores o compararam a Al Gore, que em 2000 -no debate contra George W. Bush-, suspirou com raiva e mostrou uma expressão facial um tanto agressiva. Dadas as devidas comparações, ambas atitudes foram extremamente desrespeitosas.

Para Charles Krauthammer, "o debate aconteceu em vários níveis. Se você apenas ler, achará que deu empate. Se ouvir, Biden ganhou. E se ver pela tv, ele perdeu. O vice-presidente adotou uma postura agressiva e forte, mas seu comportamento na tv foi problemático".

Nada descreve melhor o debate de quinta-feira (11) como esta declaração de Krauthammer. A agressividade de Biden cumpriu seu objetivo: aliviar as coisas até o próximo debate presidencial. Obama ainda era o centro das atenções e sua queda nas pesquisas precisava parar. Aí é que entra Joe Biden. Para sua sorte, as gafes que ele geralmente comete não acontecem nos debates.

Ao contrário de Obama, ele fez questão de enfatizar a declaração de Romney sobre os "47%" que vazou para a imprensa há alguns meses, mesmo que a fraca moderadora Martha Raddatz não tenha perguntado sobre o assunto. Ryan se limitou a responder que Romney está preocupado com todos os americanos e que "às vezes podemos nos expressar mal em certas declarações".

O vice de Mitt Romney sabia exatamente o que estava por vir e não ousou responder na mesma moeda. Ele permaneceu bastante calmo durante os ataques, suportou  as interrupções de Biden e apenas deu respostas moderadas. Em questões onde podia se complicar, como aborto e política externa, sua moderação o salvou.

No início ele até criticou o governo Obama pelo atentado que vitimou o diplomata Chris Stevens em Bengazhi dizendo que este era apenas um dos muitos reflexos da fraca política externa do atual presidente. Mas, devido a sua pouca experiência no assunto (menor ainda que a de Romney), ele não "abriu ainda mais o leque" e deixou Biden rir à vontade.

No final das contas, o debate terminou empatado. Mas isso não quer dizer muita coisa, já que Joe Biden fez muito bem o seu papel e as pesquisas devem se manter estáticas até terça-feira. Nas palavras de William Kristol: "O debate vice-presidencial foi ocasionalmente divertido para os partidários de ambos os lados. Mas em última análise, eu suspeito, ele não irá provar nada. É difícil acreditar que ele irá mudar os votos ou dar algum impulso".

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