segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Apesar das complicações, Netanyahu deve vencer

Lieberman e Netanyahu.

Há poucos dias no twitter comentei sobre a quantidade de partidos que se plantearam a disputar as eleições parlamentares israelenses e o quanto era difícil lembrar de todos os nomes. Realmente tal tarefa não é das mais fáceis. Contudo, o bloco liderado por Benjamin Netanyahu -atual premiê- e Avigdor Lieberman deve ganhar o maior número de assentos no Knesset (Parlamento israelense) e formar um novo governo.

Assim que dissolveu o Knesset, Benjamin Netanyahu anunciou que estava formando um novo bloco. Este, seria com o partido Yisrael Beytenu, do ministro das relações exteriores Avigdor Lieberman. A nova coligação, Likud-Beytenu, visava angariar um maior número de assentos e ter menos dificuldades para compor um governo de coalizão. O preço que Netanyahu pagou foi perder alguns de seus "fiéis" companheiros ultra-ortodoxos. Aparentemente isso não geraria muitos problemas, no entanto a situação mudou um pouco como mencionarei mais adiante.

Por enquanto as pesquisas indicam que o Likud-Beytenu tem 28,2% das intenções de votos, número que o deixa com cerca de 34 cadeiras no parlamento. Este é composto por 120 membros, ou seja, um governo estável precisa ter o apoio de ao menos 61 parlamentares. Aí é que entram os possíveis acordos que Netanyahu e Lieberman precisam fazer.

Para o colunista Noam Sheizaf, as primeiras opções de coalizão são Bayit Yehudi Shas. O primeiro representa o movimento dos colonos, que ganha cada vez mais força entre o eleitorado. O Shas, por sua vez, é um dos velhos parceiros ultra-ortodoxos do Likud e a única chance de abandonar uma possível coalizão com o partido do premiê é se o centrista Kadima (liderado por Shaul Mofaz e apoiado por Ehud Olmert) entrar no meio. Isso é possível, mas não muito provável.

A dúvida fica acerca do Yesh Atid, partido centrista que foi criado pelo ex-âncora do Canal 2 Yair Lapid. Digamos que ele está flertando com os dois possíveis governos: o provável capitaneado pelo Likud-Beytenu e o improvável liderado pelo Partido Trabalhista. Nesta semana ele se reuniu com os trabalhistas, liderados por Shelly Yachimovich, e o Hatnuah, novo partido de centro-esquerda criado por Tzipi Livni. Mas, para falar a verdade, desta reunião não surtiu efeito algum.

Vendo que nas últimas semanas a popularidade do Likud-Beytenu estava caindo -devido aos escândalos que envolvem Avigdor Lieberman- Yachimovic declarou que não formaria coalizão com o partido e que, em caso de vitória, lideraria a oposição. Livni inicialmente se mostrou mais maleável mas logo se aproximou de Yachimovich. Ela disse que só se juntaria a Netanyahu se algum outro partido de centro-esquerda também o fizesse. As pequisas indicam que os dois partidos juntos teriam cerca de 28 assentos.

Para alguns analistas Yachimovich pode tentar formar uma aliança com aqueles que deixaram Netanyahu após a aproximação com o Yisrael Beytenu e outros partidos de esquerda, como Meretz e os árabes. A verdade é que tal combinação só resultaria perigosa para Netanyahu caso Yesh Atid e Hatnuah aderissem. Contudo, em uma só manobra o primeiro-ministro pode contornar a situação. Explico: ambos deixaram sua participação ou não na coalizão capitaneada por Likud-Beytenu em aberto, certo? Pois então, Netanyahu pode chamar os dois. Isso o faria perder o Shas, mas seguiria com mais cadeiras no Knesset.

Estas são as teorias mais plausíveis e nas quais acreditam a maioria dos especialistas. Um dos que discordam é David Weinberg, do Israeal Hayom. Vale lembrar que ele acertou a maioria de suas previsões para 2012. Em suas palavras, "Netanyahu terá dificuldades com suas próprias alianças, e seu novo amplo governo de coalizão não vai durar muito tempo também. Nós vamos ter eleições novamente dentro de dois anos."

Weinberg ainda aposta que Yachimovich, apesar de negar veementemente, fará parte do governo: "Depois de flertar com a direita para a campanha eleitoral, Netanyahu volta para o centro visando elaborar uma coalizão. Para melhorar sua respeitabilidade internacional ele sacou Ehud Barak e Avi Ditcher. Ele vai cooptar Yachimovich e Lapid para o governo com ele (apesar dos protestos de Yachimovich), mas não Livni."

Para falar a verdade, Weinberg só complicou ainda mais as coisas. Veremos no que isso vai dar quando, no próximo dia 22, as eleições finalmente forem realizadas. A única certeza que temos no momento é que o próximo governo vai ter muito trabalho para se manter em pé.

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