sábado, 9 de junho de 2012

O começo do fim ou só mais um período turbulento?

Banco Central Europeu.

Com tamanha crise econômica ainda no seu auge, é inevitável que inúmeras teorias sejam criadas e defendidas sobre um possível desfecho. Os mais otimistas acreditam em uma recuperação, os pessimistas no fim, e os mais assustados no caos total. O mais curioso é que todos podem ter razão.

No último Manhattan Connection o economista Ricardo Amorim referiu-se ao Brasil como o "país do plano B", que procurava agir em cima da hora. Com a crise econômica foi a mesma coisa. A velha história de que o mercado entra nos eixos por si próprio não funcionou. Só quando o cinto precisou ser apertado é que os governos começaram a reagir e puderam ver a dimensão dos estragos que refletiu da pior forma possível na qualidade de vida da população.

Angela Merkel, como chanceler alemã (a Alemanha é o país que mais se beneficia com a União Europeia), tomou a frente da situação, "invocou" Otto von Bismark e pediu austeridade. Aí entra toda aquela discussão de austeridade x crescimento, mesmo com todo mundo sabendo que ambos são necessários. Com a eleição de François Hollande a coisa ficou um pouco mais dividida. Enquanto isso a Grécia estava "no olho do furacão". Vejam bem, eu disse estava e não está. Isso porque muitos consideram que o país helênico não irá permanecer na zona do Euro (as pesquisas indicam Syriza e Nova Democracia praticamente empatados na liderança para as novas eleições legislativas). 

Acreditem, uma possível saída da Grécia seria mais um alívio para a União Europeia, apesar de que os principais líderes fazem questão de dizer o contrário. A verdade é que poucos sabem como o país entrou no seleto grupo, mas sabem como poderá (deverá?) sair: excessivos gastos. A Grécia sempre gastou quantias exorbitantes e nunca parou para pensar em possíveis reflexos. Agora é a vez da Espanha, que está prestes a receber um pacote de ajuda de até 100 bilhões de euros, para tentar amenizar as gravíssimas dificuldades bancárias que o país enfrenta.

Mas se preparem, este é só o começo. A partir daqui existem duas correntes de pensamento: uma acredita que a UE seguramente terá condições de bancar resgastes financeiros a nações necessitadas, como acabou de fazer com a Espanha; e outra prega que este fato não poderá se repetir caso Portugal, Irlanda e Itália precisem. E o pior (!) é que tal crise não tem prazo de validade, mas os mandatos governamentais sim. Políticos pró-UE não irão ficar no poder para sempre (situação de Merkel ficou mais complicada com a derrota de seu partido na Renânia do Norte-Westfália) e aí é que entre aquela já mencionada aqui "ascensão dos extremos".

A tendência é que o domínio da política de centro-direita desapareça. Em momentos difíceis, o mais provável que se mude a forma de administração. Assim pensa o povo. O problema é que nem sempre social-democratas como François Hollande serão eleitos. Ele não é um defensor de Merkel, mas também não prega o fim da União Europeia. Ademais, seja centro-direita ou centro-esquerda, o pragmatismo do "centro" é que não agrada a gregos e troianos (em alguns casos, desagrada ambos).

Sem mais delongas, vamos ao ponto fundamental: a Europa vive o pior período de recessão desde a Segunda Guerra Mundial e, na época, a solução encontrada (em alguns países) foi a adoção de regimes exageradamente nacionalistas que mais tarde se mostraram xenófobos, agressivos e, com isso, deram um novo curso à história. A tendência é que a humanidade aprenda com seus erros, mas a "geração WW2" (que hoje está entre 80 e 90) deu lugar a jovens que não têm emprego e mal podem imaginar a consequência de seus atos.

Já pensaram em uma França com Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon no poder? Holanda com Geert Wilders? A bela colocação do Syriza nas últimas eleições legislativas gregas já nos mostrou o quão perigoso isso pode ser. Querem outro exemplo histórico? A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mais um regime extremista, que tentou pregar mais que uma unidade econômica e entrou em colapso.

Mesmo com uma integração cada vez maior entre as nações, a União Europeia prega apenas uma unificação monetária. Isso, segundo o especialista Max Keiser, também é um problema: "não há como ter moeda única sem um estado unificado, porque a soberania de muitos países está em jogo".

Tudo isso parece trágico não? E realmente é. Portanto, precisamos acreditar nas "leis do mercado" e na capacidade administrativa da UE para combater tamanha crise. Se não conseguirem a médio (curto seria impossível) prazo, só nos restará rezar para que o povo tenha aprendido com os erros do passado.

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