domingo, 13 de maio de 2012

Populismo grego?

A reunião durou 90 minutos. EL PAÍS.

Na semana passada foram realizadas as eleições legislativas na Grécia. Estas visavam a formação de um novo governo. Contudo, a fragmentação no Parlamento tornou as coisas muito complicadas. Antonis Samaras, Alexis Tsipras e Evangelos Venizelos tentaram, em vão, formar uma nova coalizão. Neste domingo (13) o presidente Karolos Papulias se reuniu com os três representantes, mas nada foi decidido. Tudo indica que ele precisará convocar novas eleições.

Como todos sabem, o partido Nova Democracia obteve o maior número de cadeiras no Parlamento. Por isso seu líder, Antonis Samaras, foi o primeiro encarregado de unir os interesses partidários em torno de um bem comum. Logicamente teve o apoio do PASOK. O principal empecilho foi o Syriza, que aos poucos está colocando suas "manguinhas" para fora.

Demoraram menos de 24 horas para que Samaras anunciasse que não obteve sucesso. Depois dele foi a vez de Tsipras, líder do já mencionado partido que representa a esquerda radical, mas ele também fracassou. Logo abaixo vou comentar com mais calma as razões deste insucesso. Por fim, a "batata quente" caiu nas mãos de Evangelos Venizelos. Ele quase foi salvo pelo Dimar (esquerda democrática), mas adivinhem, por culpa do Syriza as coisas não deram certo.

Devem estar se perguntado: o que há de errado com este partido? Em seu lugar eu também estaria. A verdade é que desde a campanha eleitoral eles se mostraram um pouco radicais. Tsipras, contudo, defendeu a permanência do país helênico na zona do Euro e apenas cobrou algumas reformulações. Foi só seu partido tomar o poder que ele começou a imitar seus ídolos chamados "populistas" (dentre eles Hugo Chávez).
Divisão do Parlamento. EL PAÍS.

Ele atacou veementemente o Fiscal Compact e pediu uma revisão das medidas que o país deveria tomar para que o empréstimo negociado por Venizelos pudesse chegar. Ademais, exigiu que uma cláusula de crescimento fosse adicionada ao já mencionado tratado. Tudo bem que ele quer defender o povo, mas será que não percebe que uma saída da União Europeia agora só iria prejudicar a Grécia? Será que ele acha que graças a suas lamúrias Angela Merkel, o Banco Central Europeu e o FMI estarão dispostos a mudar o Fiscal Compact? Parece mais um garoto iludido do que alguém capaz de liderar o segundo partido mais votado da Grécia.

Quem está seguindo a situação de perto pode argumentar: "mas Hollande também quer renegociar o Fiscal Compact". Sim, isso é verdade. A diferença é que ele não quer alterar o limite da dívida de cada país (que não pode ultrapassar 3% do PIB), interferir nas medidas de austeridade ou mesmo na troika. Seu principal objetivo é combinar, por assim dizer, crescimento com austeridade. Uma pena que esta última seja a única ideia plausível que Tsipras defenda.

Após a reunião realizada com Papulias sua primeira declaração à imprensa foi a seguinte: "eles (Papulias, PASOK e Nova Democracia) não querem apenas que o Syriza concorde, eles querem que o partido seja cúmplice de crimes e não vamos concordar com isso".

Caso novas eleições sejam realizadas, o cenário é ainda mais perigoso. A maioria das pesquisas aponta uma vitória do Syriza inclusive sobre o Nova Democracia, o que tonaria ainda mais difícil a formação de qualquer coalizão. Até a hipótese de isso acontecer deixa arrepiada a senhora Merkel. Quem perde mais com isso? A própria Grécia.

Karolos Papulias realizou ainda outra reunião à portas fechadas com os líderes dos partidos menos votados. Infelizmente apenas Fotis Kuvelis (representante do Dimar) estava disposto a concordar com uma coalizão. Os outros só defenderam suas ideias radicais, como se isso fosse ajudar de alguma forma a o país que clama por socorro.

O presidente, de 82 anos, sabe que o caminho das novas eleições não é o melhor a ser tomado. Portanto, na segunda-feira (14) outra reunião com os primeiros três líderes será realizada. As esperanças de que isso resulte em alguma coisa são pequenas, mas estaremos na expectativa.

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