domingo, 20 de maio de 2012

Merkollande ou Merde?

Vamos torcer para que seja "Merkollande".

Não é segredo para ninguém que a chanceler alemã Angela Merkel apoiou Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais francesas. Mas basicamente isso não adiantou nada (muito pelo contrário?), porque quem ganhou foi o candidato do Partido Socialista François Hollande. Agora fica a dúvida acerca de como será a relação entre os governos dos dois países mais "fortes" da zona do Euro.

Logo após sua posse Hollande pegou um voo para a Alemanha. Mas não foi tão simples assim. Antes do tão aguardado encontro com Merkel seu avião foi atingido por um raio e forçado a voltar. Nada que o impedisse de ir até a Alemanha. O que era para ser apenas um jantar informal acabou se convertendo no assunto mais comentado do mundo, como se qualquer decisão de sumária importância fosse tomada naquele momento. Obviamente isso não aconteceu (tanto que até alguns jornais estavam divulgando o menu degustado pelos chefes de Estado).

À parte disso, Hollande saiu com uma vitória. Como já foi mencionado aqui no Internationale Actuelle, ele tem o forte desejo de anexar uma cláusula de crescimento ao Fiscal Compact (já que renegociá-lo está fora de cogitação) e, ao que parece, a senhora Merkel se mostrou de pleno acordo. Contudo, uma coisa deve sempre se ter em mente: não há como combater uma crise apenas com injeções financeiras e sem austeridade. Merkel sabe disso. Tanto que, apesar de amenizar o discurso, não aceita de forma alguma que a Grécia renegocie as condições de seu empréstimo.

Agora só nos resta saber se o "Senhor Normal" também compartilha desta opinião. De momento sua única grande mudança foi a redução salarial dos ministros (e sua) em cerca de 30% e a lógica reforma ministerial (nomeando Jean-Marc Ayrault primeiro ministro). Historicamente falando as relações entre governantes franceses e alemães deram mais certo quando eles tinham "perfis opostos". O maior exemplo disso são François Mitterand (ídolo de Hollande e também socialista) e o chanceler Helmut Kohl.

Muitos já dizem que Merkel está de mãos atadas e vai precisar abrir mão do seu discurso de "ferro e sangue" (comparado pelo genial Harold James ao de Otto von Bismark) em prol de apoio dos outros países. Realmente é difícil colocar na cabeça de nações onde há desemprego e fome que medidas de contenção financeira são necessárias, mas o que todos precisam entender é que uma saída da União Europeia não é o melhor remédio para ninguém.

Prova disso é que os líderes europeus no decorrer da semana enfatizaram que a Grécia precisa cumprir com o acordo para receber seu empréstimo e, caso saia da zona do Euro, sua situação será ainda mais caótica. Uma informação divulgada -e posteriormente desmentida- relatou que Frau Merkel havia pedido um referendo para saber a opinião do povo grego a respeito da continuidade ou não na UE. Tudo isso serve de alerta às pessoas que pretendem votar no Syriza nas próximas eleições.

Ainda que suas ideias sejam um pouco diferentes, Hollande e Merkel têm como principal objetivo a reversão imediata do quadro econômico europeu. Se algo não for feito, a situação tende a piorar (e muito). Ademais, Merkel sabe que não ficará no poder para sempre e que qualquer crise interna pode afetar seu governo (a perda na Renânia do Norte-Westfália serve de alerta). Portanto, a colaboração mútua é mais que uma obrigação.


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