sábado, 5 de maio de 2012

Ascensão dos extremos

Alexis Tsiparas (REUTERS). 

Doze líderes europeus caíram nos últimos quatro anos graças à crise econômica. Este número é bastante alto e serve para nos deixar bem a par do que está acontecendo. Contudo, isso não é o pior. A ascensão tanto da extrema direita quanto da extrema esquerda em toda a Europa chega a assustar.

Eles são anti-austeridade, anti-UE, anti-Establishment e, apesar de constantemente utilizarem a palavra democracia, seus ideais vão contra ela. Parece que isso veio a tona para o resto do mundo um pouco tarde. Somente quando Marine Le Pen (neta de Jean-Marie Le Pen) atingiu 18% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais francesas é que os extremistas começaram a ser vistos com outros olhos. Se isso aconteceu na França, imaginem só em outros países.

Mas exemplos (assustadores) não faltaram. A Hungria é governada pelo conservador Viktor Orban, que por várias vezes precisou tomar "puxões de orelha" de Bruxelas em razão de suas medidas anti-constitucionais e até segregacionistas. Nos últimos meses o foco não esteve em seu governo, mas é bom ficar de olho.

Seguramente uma das nações mais severamente prejudicadas por esta crise econômica foi a Grécia. Sua dívida chegou a valores exorbitantes e o país praticamente quebrou. A queda do premiê Georgios Papandreus foi apenas uma consequência. Apesar disso, a coalização PASOK-Nova Democracia permaneceu e Lucas Papademos assumiu o cargo.

Agora a tendência é que as coisas mudem. Neste domingo (6) acontecerão as eleições (antecipadas) e a hegemonia do partido conservador e do social-democrata, que somaram 80% dos votos nas eleições anteriores, está ameaçada. Enquanto suas intenções de voto compõem 50%, os outros cinquenta ficam a cargo dos tão mencionados extremos.

No caso da esquerda houve uma espécie de coligação entre entre todos os partidos, que deu origem ao Syriza, descrito pelo Guardian como "a matriz de de todos os grupos radicais de esquerda". Segundo as intenções de voto, eles chegariam a 30%. Alexis Tsipras, líder do partido, se mostrou bastante intimidador em suas últimas declarações: "No domingo, o povo grego vai enviar uma mensagem não apenas para a elite política, mas para todos os governos da Europa".

A respeito da liderança de PASOK e Nova Democracia ele disse o seguinte: "Por dois anos eles têm tomado decisões sem nos perguntar. O povo grego não lhes deu o mandato para tomarem estas decisões. No berço da Democracia, não há Democracia".

Se o Syriza já representa um enorme perigo para a UE, as coisas ficam ainda piores quando o assunto é o Chrysi Avgi (algo como Alvorecer Dourado). Este é um partido verdadeiramente neonazista que, se atingir os esperados 5,5% dos votos, pode  inclusive ultrapassar o número de 10 deputados no Parlamento Grego.

Numa entrevista concedida ao Guardian esta semana o líder do PASOK, Evangelos Venizelos, revelou toda sua preocupação por conta dos extremistas: "Não podemos permitir que a sociedade grega se torne fascista e nem que o Parlamento seja ocupado por nazistas. É um absurdo que estes partidos aliciem pessoas que estejam vivendo os momentos mais duros de suas vidas".

Ainda que 75% dos gregos sejam pró-Europa (segundo as pequisas), não vai ser nada fácil ter membros tão anti-Estalishment no Parlamento. E essa é uma tendência para boa parte dos países do continente. Como bem disse Venizelos, estes partidos se aproveitam desta fragilidade vivida pelas camadas mais baixas da população para tentarem "abocanhar" votos e apoio.

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