terça-feira, 24 de julho de 2012

O excessivo pragmatismo da campanha de Romney

Acorda, Romney!

As eleições presidenciais estadunidenses estão se aproximando e as pesquisas indicam um equilíbrio cada vez maior entre Barack Obama e Mitt Romney. O atual presidente, ainda que não agrade a gregos e troianos, é o favorito para um novo mandato. Muito deste favoritismo está "nas costas" de Romney, que baseia sua campanha no discurso econômico e deixa a desejar em muitos aspectos.

Quando a corrida presidencial começou, Obama deparou-se logo de cara com uma vantagem: o equilíbrio nas primárias republicanas. Diferentemente do esperado Romney não ganhou o apoio maciço dos republicanos e viu o católico ultraconservador Ricky Santorum se aproximar perigosamente. Santorum era o "queridinho" da ala mais conservadora do partido, representada pelo movimento Tea Party. Ele não teve forças para desbancar Romney, mas a campanha foi desgastante e mostrou que o partido Republicano estava rachado.

Assim que a campanha começou "para valer", o ex-governador de Massachusetts baseou praticamente todos os seus discursos em um único tema: economia. Todos sabem que por razões internas e externas (a crise financeira) o governo Obama vai mal das pernas (apesar do recente crescimento) e este é o ponto débil que Romney insiste em tocar. Como empresário experiente, ele sabe que aí pode fazer a diferença.

No entanto, este não é o único ponto. Muitos analistas republicanos defendem que a falta de confiança que a população tem para com ele é justamente por isso. Ele bate centenas de vezes na mesma tecla e não é agressivo, isso torna as coisas ainda mais complicadas para seu lado. É como se seu discurso fosse vago demais para bater um adversário que é, como escreveu Caio Blinder, "bom de campanha".

Um dos artigos que mais mostraram esta frustração da própria direita com Romney foi o de William Kristol, editor da Weekly Standard, ele disse que se Romney continuar por este viés acabará repetindo as derrotadas campanhas de Michael Dukakis (1988) e John Kerry (2004).

Ainda nas palavras de Kristol os eleitores não querem "ouvir falar sobre economia, eles querem saber o que o candidato pensa fazer para melhorar a situação econômica do país". Além disso, o índice de desemprego do governo Obama é de 8% e o candidato republicano pouco se aproveitou deste número. Tudo bem que o presidente democrata pegou uma verdadeira "bucha" das mãos de Bush, mas ninguém quer saber disso, Romney menos ainda. As pessoas querem resultados.

Outra publicação da Weekly Standard que chamou muito a atenção foi a de Jeff Bergner e Lisa Spiller. Eles listaram três regras básicas que precisam ser seguidas por Romney se ele realmente quiser vencer Obama nas eleições. Estas regras são as seguintes:

1) Defina a sua grande ideia: para eles, o republicano precisa deixar evidente qual será seu modus operandi quando estiver no governo. A população deve saber o que ele irá fazer. Nas palavras de Bergner e Spiller, "o mais próximo que Romney chegou de definir a si mesmo é que ele não é Obama";

2) Venda seus benefícios, não suas características: segundo os redatores, o eleitorado está cansado de ouvir a biografia do candidato. Ninguém mais quer saber que ele é um rico empresário. As pessoas estão curiosas a respeito de como esta experiência irá ajudá-lo no governo;

3) Vai para cima dele: ser moderado não vai adiantar de nada. A abordagem de Romney precisa ser mais ousada e agressiva, visando conquistar os eleitores indecisos e mostrando a eles que seu governo pode colocar o país no eixos.

Além de tudo, como sabemos, nos Estados Unidos as questões externas têm grande peso dentro do país e podem mudar o rumo das eleições. Obama tem grandes problemas nas mãos: Síria, programa nuclear iraniano e Israel. O melhor para ele é que tudo se resolva de uma forma tranquila ou fique pelo menos num impasse até que os americanos decidam nas urnas quem será o presidente .

Acabou que os constantes vetos de Rússia e China contra sanções e qualquer intervenção militar na Síria no Conselho de Segurança da ONU foram bastante úteis ao democrata. Não se deixem levar pelas aparências, se os EUA realmente quisesse, já teria mandado tropas para o país com ou sem o aval do Conselho. Afinal, esta não seria a primeira vez.

De qualquer forma, muita coisa ainda vai rolar até as eleições presidenciais, mas Romney precisa ter em mente que ficar de braços cruzados não vai fazê-lo vencer. Ele precisa mudar a sua postura o quanto antes se realmente quiser chegar à Casa Branca.



Nenhum comentário:

Postar um comentário